“Havia algo que tinha um cheiro inconfundível de alegria. De
vida abraçada. De chuva quando beija a aridez. De lua quando é cheia e o
céu diz estrelas. Um cheiro da paz risonha do encontro que é bom."
Ana Jácomo
Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.
É engraçado as chamadas "dores" da vida. Por muito tempo eu as vivia de uma forma avassaladora, me apoiava nelas.. Qualquer coisa que me tirasse o riso me deixava sem forças pra continuar em pé. E eu achava que tal situação não iria findar. Pobre inocente. Aos poucos fui as diminuindo, foi me externalizando e as vendo de outra forma, como uma figurante da minha própria dor, um dia sem saber o que havia me acontencido ao certo, apenas sentindo algo desconfortante disse a mim mesma, "por hoje eu me permito a tristeza e o choro amargo", nem eu, nem os outros precisariam da minha aridez e da minha falta de força. Agora aqui, deitada no chão, lembrei e soltei uma gargalhada. Tive orgulho de mim, passou e eu nem vi. Passou e hoje espaços vazios estão dando lugar a novos rumos, aos meus melhores sorrisos e as minhas incríveis manhãs encantadoras. Prefiro o sábio clichê: desejo-me saúde e felicidade, ta aí tudo que eu preciso nessa vida. Transferi o meu compromisso para alegria, revitalizando as chatices diárias. Os efeitos colaterais da vida são inevitáveis, assim como o show do Roberto Carlos no fim do ano, a música da Simone pelas lojas no natal (então é nataaal) e o "fim da linha". Deixei mesmo pra me importa com o que realmente importa, a vida já é bem amarga as vezes pra que eu ainda contribua com isso. Como diria Martha Medeiros, "o que nos cabe nessa vida é não fazer mal aos outros e usufruir da melhor forma a honra de ter nascido". E tenho dito. E esse capítulo da minha vida tem título: c o r a g e m.
Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Estou orgulhosa de mim e feliz com tanta coisa leve em minha vida. Um cheiro de paz risonha, um sorriso largo e boas companhias. Nada perfeito, tudo no seu jeito, meio certo e meio torto. O que eu sou neste momento é o que conta, minha realidade livre e gostosa, dias calmos. Minhas decisões valem por agora, hoje é o meu dia, nenhum outro. E sensação gostosa.. quero mais por muito mais tempo !
Tô forte, tô viva.
Já perdi as contas das vezes que ouvi pra que sumisse de uma vez por todas. No fundo sempre se sabe o que quer. Deixa eu limpar um pouquinho as minhas vistas.